Cirurgia Endoscópica para o Tumor da Bexiga
Em que Consiste a Cirurgia Endoscópica à Bexiga?
A cirurgia endoscópica é feita quando é diagnosticado um tumor na bexiga e é a forma mais eficaz e adequada de tratamento dos tumores superficiais.
A cirurgia endoscópica é realizada frequentemente em doentes com tumores superficiais, sendo esta técnica designada de ressecção trans-uretral vesical (RTU-V) .
A intervenção permite a colheita de fragmentos do tumor. Os fragmentos removidos são avaliados, de forma a saber se o tumor é superficial (atingindo apenas o revestimento superficial da bexiga) ou invasivo (atinge a parede muscular da bexiga).
A orientação posterior do doente é totalmente diferente, consoante se trate de um tumor superficial ou já invasivo.
Qual é o Procedimento da Cirurgia Endoscópica?
Esta cirurgia pode demorar entre 15 a 90 minutos, dependendo da dimensão do tumor, e pode ser realizada com anestesia geral ou raquidiana.
Não implica nenhuma incisão cirúrgica, uma vez que é feita através da uretra com um equipamento endoscópico muito fino, chamado ressectoscópio.
A cirurgia endoscópica tem como objectivo a ressecção trans-uretral, uma técnica de remoção do tumor visível que é enviado, posteriormente, para estudo anatomopatológico.
No final da cirurgia, deve proceder-se à "hemostase", ou seja, um cuidadoso processo de coagulação em que se fulgura ("queima") o tecido da área onde o tumor estava alojado, para que não ocorra uma hemorragia importante após a cirurgia. O médico urologista pode também utilizar um laser para destruir as células cancerígenas.
Cirurgia de tumor do mesmo tipo dos que surgem na bexiga, mas no aparelho urinário superior. O tratamento destes tumores é tecnicamente muito mais exigente do que quando surgem na bexiga, porque, como se compreende, o acesso ao ureter e ao rim é bastante mais difícil e os aparelhos que se utilizam de muito reduzidas dimensões.
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Como é o Pós-Tratamento da Cirurgia Endoscópica?
Muitos dos doentes que realizam a cirurgia a um tumor superficial têm um prognóstico favorável e, embora muitas vezes ocorra uma recidiva do tumor nos anos seguintes, a maior parte nunca desenvolve uma doença invasiva.
Para isso, é esssencial que o doente faça o acompanhamento recomendado, nomeadamente com cistoscopias (endoscopias da bexiga) após a intervenção. Inicialmente estas são feitas com intervalos menores, de 3/3 meses, mas mais tarde a frequência necessária para estes exames diminui (4/4 meses, depois 6/6, até se tornar anual). Este protocolo de vigilância varia consoante o tipo de tumor. A citologia urinária pode também ser solicitada, bem como outros exames de imagem, como as ecografias ou as tomografias computorizadas. A vigilância geralmente mantém-se para lá dos 5 anos.
Para reduzir o risco de recidiva do tumor, estes doentes realizam geralmente um tratamento com um medicamento que é colocado ("instilado") no interior da bexiga. Os protocolos são variáveis, em relação ao produto a utilizar e à frequência das instilações. Os produtos actualmente mais utilizados são:
- Mitomicina C (um citostático que é colocado no interior da bexiga e não administrado por via endo-venosa - daí o termo "Quimioterapia intra-vesical");
- BCG - que desencadeia uma reacção imunológica local que destrói as células tumorais - daí a designação de imunoterapia intra-vesical.
A frequência da administração destes produtos é variável, sendo geralmente semanal (numa fase inicial) e depois mensal, no caso da Mitomicina C; e semanal, durante 3 a 6 semanas, em ciclos que se repetem geralmente a cada 3 meses, no caso do BCG.
Além disso, é essencial que o doente suspenda o consumo de tabaco (caso seja um doente fumador).
Dr. José Santos Dias
Director Clínico do Instituto da Próstata
- Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
- Especialista em Urologia
- Fellow do European Board of Urology
- Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"
Perguntas Frequentes sobre a Cirurgia Endoscópica para o Cancro da Bexiga
Para que serve a Cirurgia Endoscópica da Bexiga?
O que é o processo de fulguração?
Referências
- DIAS, José Santos. Urologia Fundamental: na prática clínica. Lisboa: Lidel - Edições Técnicas, Lda, 2010.
- Bladder Cancer Surgery - https://www.cancer.org/cancer/bladder-cancer/treating/surgery.html
- Transurethal telescopic resection - https://www.baus.org.uk/_userfiles/pages/files/Patients/Leaflets/Bladder%20tumour%20resection.pdf